sábado, 22 de agosto de 2009

Moulagem






Admiro a ousadia de ser "ex-alguma coisa". É preciso coragem para abandonar algo em prol da tal felicidade. No entanto, é possível utilizar um quê do “ex” nas novas empreitadas. Alix Grés foi uma dessas. Uma francesa nascida em 1899, que desistiu do velho sonho de ser escultora para dedicar-se a criação de roupas. De “ex-cultora”, Grés manteve a sensibilidade e habilidade com as mãos nas suas novas invenções. Verdadeiras obras de arte, os vestidos eram criados manualmente, no corpo da manequim, técnica chamada draping/moulage.
Inicialmente, ela criava modelagens e as revendia para salões de alta costura. Em 1934, decidiu criar a sua própria maison, com o nome de Alix Barton, infelizmente fechada no período de escassez da 2ª Guerra Mundial, mas felizmente reaberta após o seu término, agora com o nome de Madame Grés, para o delírio das madames cinquentistas, como a princesa de Mônaco Grecy Kelly, que eram transformadas em verdadeiras deusas gregas com os belos vestidos de Grés.
Nos anos 80, época em que a alta costura sentia o peso do prêt-à-porter e as grandes maisons corriam para aumentar e “industrializar” a produção, Madame Grés, apesar dos esforços, não conseguiu a adequação aos novos tempos e enquanto eu vinha ao mundo, em 1984, a loja era vendida para o francês Bernard Tapie. Três anos depois, no entanto, o salão era fechado, mergulhado em dívidas. Em 1988, era vendido novamente, dessa vez para o grupo japonês Yagi Tsusho Limited e apesar de ter recuperado a maison, era tarde demais para que a senhora Grés se recuperasse das quebras que tanto a abalaram. Morreu praticamente no anonimato, em um asilo na França. Para a felicidade geral da nação admiradora, restam os registros. Inclusive em março desse ano, no Metropolitan Museum, houve uma exposição das criações da Madame.

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